terça-feira, 15 de abril de 2008

Operação Pasárgada


da Folha Online

O TRF (Tribunal Regional Federal) decidiu soltar todos os envolvidos na operação da Polícia Federal, que na última quarta-feira (9) prendeu 52 pessoas em Minas Gerais, na Bahia e no Distrito Federal, por suspeitas de desvio ilegal de recursos do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), repassados pela União. O prejuízo aos cofres públicos é estimado em R$ 200 milhões, em três anos.

Entre os detidos na Operação Pasárgada, como foi batizada pela PF, há 16 prefeitos (14 de MG, um deles afastado do cargo, e dois da BA), quatro procuradores municipais, nove advogados, um gerente da Caixa Econômica Federal e até um juiz federal de Belo Horizonte, além de mais quatro servidores do Judiciário.

Segundo divulgou o TRF, a Corte Especial do Tribunal "decidiu, na noite de ontem (11), em agravo regimental, que o Corregedor-Geral da Justiça Federal de 1º Grau da 1ª Região não tem competência para decretar, em decisão monocrática, a prisão dos investigados, uma vez que sua atuação é meramente administrativa, não alcançando medidas judiciais restritivas de direitos".

Com a decisão, ao recurso de um magistrado preso na operação da Polícia Federal, foi revogada a prisão de todos os presos na operação Pasárgada.

A PF manteve sob sigilo os nomes de todos os envolvidos, mas o cumprimento dos cem mandados de busca e apreensão da operação acabou revelando os nomes de alguns suspeitos. Foram os casos, por exemplo, dos prefeitos das cidades-pólo mineiras de Juiz de Fora, Carlos Alberto Bejani (PTB), e de Divinópolis, Demetrius Pereira (PSC).

A maioria dos suspeitos foi presa em casa, já que às 6h os agentes da PF estavam nas ruas cumprindo os mandados judiciais. No total, houve apreensão de R$ 1,3 milhão, US$ 20 mil, 38 veículos e dois aviões, além do seqüestro de "vários imóveis".

Esquema

O esquema investigado há oito meses envolve prefeituras que têm dívidas com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Os municípios têm 6% do repasse mensal do FPM retidos para ser abatido no débito com o órgão da União.

Contatadas por lobistas, as prefeituras contratavam sem licitação um escritório de advocacia, que entrava com mandado de segurança na Justiça Federal alegando que o INSS estava retendo valores superiores aos 6% --o que não era verdade. Se o percentual alegado fosse 9%, o juiz determinava a liberação dos 3% excedentes.

O dinheiro era usado para pagar a todos os envolvidos no esquema. No caso do juiz, segundo a PF, havia venda de sentenças e suspeita de distribuição irregular de processos. Ele recebia "em dinheiro vivo mesmo, isso está comprovado", segundo o delegado Mário Alexandre Aguiar, coordenador da operação.

Os lobistas também contatavam os magistrados, e servidores da Justiça remetiam os processos sempre para as mesmas varas: "O lobista oferecia a esses juízes vantagens indevidas para que eles concedessem as sentenças. As ações eram distribuídas em duas varas de forma fraudulenta", disse Aguiar.

Um gerente da Caixa Econômica Federal em Belo Horizonte, sócio de um dos principais lobistas, era o "elo" entre o Judiciário e os advogados. Segundo a PF, seria ele o responsável por fraudar documentos. Ele foi o único que teve a prisão preventiva decretada (30 dias). Todos os outros foram presos temporariamente (cinco dias).

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Para entender a Operação Pasárgada da PF , que tal consultarmos Bandeira e refletirmos a bandeira?

Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada


Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada


Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Manuel Bandeira

Parafraseando Bandeira

Vou-me embora pra,BA, DF e MG
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra BA, DF e MG

Vou-me embora pra BA, DF e MG
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que toda vez que me ausentar
Fica o vice ou seu suplente
Pode ser até um parente
Ou um neto que nunca tive

E então farei ginástica
Andarei de avião
Montarei em puro-sangue
Subirei nos palanques
Para o povo me aclamar
E quando estiver cansado
Arrumarei um pretexto
Para poder viajar
Pra eu viver as histórias
Que no tempo de eu menino
Não podia imaginar
Vou-me embora pra BA, DF e MG

Vou-me embora pra BA, DF e MG
Em BA, DF e MG tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De não impedir a corrupção
Tem telefone restrito
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra BA, DF e MG

Autor: Lu Faria

15/04/08

4 comentários:

João Cunha disse...

Lu, paralelo interessante... acho que todos cansamos dessa "passargada" que é a nossa Capital federal.

Ah, bom saber que tenho uma colega da área de Africanas. Temos muito a conversar...
Abraços, João F. A. Cunha

Nanete Neves disse...

Lu, que produção consistente, menina. Prosa, poesia, o que vier você traça, e muito bem! Caramba.... Siga assim fértil, flor.
Um beijo, Nanete
(Ah, Laura Fuentes é o codinome que uso no blog)

Lu Faria dos Anjos disse...

Olá João,
Fiquei muito feliz por suas palavras.O dia em que nossa bandeira for honrada "verdadeiramente", talvez não tenhamos mais que parafrasear Bandeira, pelo menos com esse discurso. Quanto aos Estudos de África, ficarei imensamente feliz em trocar informações, além de poder contar com mais um alido para difundir o quanto aquele povo é forte, sensível e humano. O mundo ainda tem muito o que aprender com África! Um abraço

Lu Faria dos Anjos disse...

Olá Laura Fuentes (Nanete)

Como é bom conviver com pessoas sensíveis como você! Suas palavras soaram como as de um pai incentivando o filho em seus primeiros passos. Inseguro, buscando ainda pelo equilíbrio, mas confiante pois pode contar com a força do "pai". É assim que me sinto! Por outro lado, temos uns aos outros para nos ajudarmos mutuamente não é mesmo?
Obrigagda pelas palavras e pela amizade.Benvinda ao meu coração! Um abraço.